terça-feira, 28 de dezembro de 2010




Final de ano. Época de refletir sobre esse 2010 que logo se finda. Época em que penso em tudo que se foi neste e nos outros anos. Às vezes, é duro. Às vezes, é chato. Às vezes, é sofrido...

Mas, deixando as reflexões pessoais de lado. Penso muito ultimamente sobre pesquisa e nosso papel. Sobre a população de rua, a exclusão social, assistência social, a pobreza, a miséria. Todas essas mazelas, que de uma forma ou de outra – através de telejornais e leituras específicas, vendo algumas coisas de perto, sentindo na pela outras – que me trouxeram pra Ciências Sociais.

Poderia ficar discutindo aqui teoricamente que “assistencialismo” não tem nada de pejorativo. Que me deixou estressada e, por vezes, até raivosa a campanha em massa contra a Dilma, os mapas que compararam analfabetismo com o mapa de eleitores da presidenta eleita e tudo mais. Aliás, eu poderia reclamar do termo presidenta (com “a”) que nem sempre é utilizado, ou falar mais uma vez que Política é referente ao público e, portanto, não é considerado local de mulher... E como aprendi isso na marra! Mas, não. Não vou falar aprofundadamente sobre isso.


Quero contar aqui da minha experiência de ir ao Natal do MNCR juntamente com o Lula e com a Dilma em São Paulo.

A emoção latente de todos os presentes que estiveram no evento se transformou em euforia coletiva ao anunciarem a entrada do atual presidente e da presidenta eleita. Festa. Alegria. Rostos maravilhados com as cenas que viam. Palmas. Gritos. Bandeiras. Câmeras. Aliás, um mar de câmeras. Flash.Tudo numa mistura que harmoniosa. Ou melhor: quase harmoniosa.


Sem dúvida alguma presenciamos passos importantes na história desta nação. Não vou aqui defender PT, avacalhar PSDB, nem tomar partidos partidários. Política, para mim, está muito além das alianças partidárias, das eleições ou promessas de um novo mandato. Mas, como o Lula mesmo falou naquele dia – e como eu já havia comentado com um colega de pós ali presente – quem diria que estariam ali, dividindo o mesmo palco, pessoas que tiveram sua trajetória familiar nos lixões e o atual presidente e a presidente eleita? (além de outras autoridades políticas)

Quem diria que veríamos isso, não?


Mas, quem diria que em um encontro onde Lula fornece ao MNCR caminhão para melhor aproveitamento de seu trabalho, onde a iniciativa de fazer varais com material reciclável e toda essa onda de Economia Solidária, a solidariedade não estaria tão presente assim?

Basta mesmo colocar o adjetivo “solidária” pra transformar a Economia em algo que seja menos mercado? Basta mesmo essas saídas pra deixar o Capitalismo mais humano? Basta mesmo medidas governamentais pra mudar comportamentos? Há tempos me faço essas perguntas...


Todavia, o que vi ali, além do espetáculo de ver pronunciamento de Dilma, seguido pelo de Lula, foi uma população de rua ou catadores de material reciclável que não são tão solidários assim. Pessoas que estavam na frente de todos subiram nas cadeiras e impediram a visão das mais de 2.000 pessoas atrás deles. Faixas não foram colocadas em locais estratégicos e também impediam a visão. Pessoas pediam passagem pra supostamente tirar fotos e ficavam em pé, a despeito da visão dos que estavam sentados imediatamente atrás delas... O que dizer sobre isso?


Não quero dizer aqui que foi tudo perdido. Que não foi bom. Ou reinterar preconceitos. Todavia, precisamos refletir com calma quando deslocamos a culpa das mazelas da humanidade e, especificamente, do nosso país, para os maus governos. Seriam eles mesmos os culpados? Pensemos: estamos preparados pra uma economia que se auto-afirma solidária? Para aonde foi a solidariedade dessa economia, eu me pergunto.


Por fim, mesmo que políticas governamentais tenham força – e eu acredito que tenham, pois eu vi pessoas de origens humildes falando de políticas públicas, aliás, exigindo políticas públicas – temos que lembrar que quem elege os governos somos nós. Assim, deixo uma reflexão que adoro do Brecht, ótima pra um final de ano eleitoral, como o nosso de 2010:


“O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.

O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais”.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010




Pra variar não consigo ser coerente com meu blog... fico muito tempo sem aparecer por aqui.
Apenas queria contar como sei do meu humor pelas músicas:

Ontem acordei ouvindo Hammstein, som mais pesado, humor mais negro, incômodo com algumas coisas (que eu passo, porque eu me permito, enfim...)

Hoje acordei ouvindo Beirut, som mais leve, vontade de dançar, vontade de viver mais leve... A vida é linda, afinal, né?
E algumas pessoas transcrevem essas belezas em notas musicais.

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