Qual
seria o motivo da vida e de tantos encontros e desencontros? A pergunta não
saía da mente da mulher que seguida dentro do ônibus na direção de sua casa,
depois de uma viagem cansativa, porém com momentos de felicidade. Aliás, o que
é a felicidade? Seria o eterno dilema entre fim último e descobertas na
caminhada? Várias perguntas estavam sem resposta. Mas, sua mente se acalmava,
seu coração se aquietava... A imagem das mãos unidas. As mãos. Sempre
representavam mais romantismo em sua vida do que beijos e carícias trocadas. As
mãos unidas. A sensação de companhia. Os elogios depois de um dia ruim. A vida
realmente era mais do que o sucesso em uma simples prova.
E a
crise novamente se impunha, com a força atroz do furacão. A vida se apresentava
como uma bifurcação e era necessário tomar um caminho. Qual caminho tomar? Essa
pergunta a perseguia havia tempos. Mas, a resposta não emergia. Qual caminho
tomar? Dizer sim? Dizer não? Seria tudo isso fruto de mais sofrimento?
As mãos,
simplesmente as mãos. Elas não saíam de sua mente. A sensação de afeto. A
vontade de amar. O inesperado. A magia. O amor. A distância. A Saudade. As
mãos. O coração se aquece e se desespera. As mãos... E Cartola toca ao fundo.
Desde agora, com outro significado. As mãos e a melancolia do samba. As mãos. O
coração aquecido. As mãos.
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