sábado, 28 de agosto de 2010

Entre o peso e a leveza







Sempre estranho voltar a escrever depois de tanto tempo.
Mas, não pensei que deixei essa mania de escrever: muito pelo contrário!
Acontece que a vida de mestranda com dissertação por escrever pode ser, por vezes, desesperadora!

Ando me aventurando em escrever diários de campo. Isso é leve e me faz feliz! É diferente da escrita sistemática da academia. Sempre lembro-me do Florestan Fernandes, daquela escrita dura da academia, que pesa, que dói a cada palavrinha saída das pontas do dedo, que inquieta a cada releitura quase que viciada de revisão cega...

Diário de campo é leve. O meu é leve. O campo é divertido... Tem campos que lidam com uma realidade devastadora da vida humana. Mas, o meu é leve. Tem polícia, tem política, tem de tudo. O meu campo é leve...

Por que fico insistindo nessa coisa de leveza? Porque desde que terminei de ler o Kundera não me livro desses dois pares de oposição, que segundo o autor, deixaram Paramênides tão encucado:

"O mais pesado dos fardos nos esmaga, verga-nos, comprime-nos contra o chão. Na poesia amoros de todos os séculos, porém, a mulher deseja receber o fardo do corpo masculino. O mais pesado dos fardos é, portanto, ao mesmo tempo a imagem da realização vital mais intensa. Quanto mais pesado é o fardo, mais próxima da terra está a nossa vida, e mais real e verdadeira ela é". (KUNDERA: 11)

Peso ou leveza? O que é melhor?
Es muss sein é peso e também leveza. Mas, isso fica pra outro dia.

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